terça-feira, 28 de abril de 2009

Comentario à ultima frase que Pessoa exalou

deve ser tão estranho saber que vamos morrer depois de acabar de escrever...
deve ter sido um sentimento fantástico poder controlar quando morrer. controlar no sentido de "eu tenho que escrever mais qualquer coisa, e não vou morrer até o fazer!..."

E se ELE tivesse escrito em vez de apenas essa frase, um manuscrito megalítico: para alem de termos as ultimas palavras de um homem [quase]morto; teríamos, muito provavelmente, o livro mais completo e elaborado, criado a partir da celeridade com que todos "eles" lutavam para deixar a sua marca neste mundo enquanto a sua porta de entrada para o mesmo se fechava. Todos eles juntos batalhavam para lhe dar vontade de poisar a ponta da caneta do papel, pois daí para a frente todo o processo seria deles: apenas precisavam daquela porta de entrada que em breve se fecharia...

é bizarro, mas é um pensamento familiarmente interessante...
o que escrever quando sabemos que vamos morrer?

No entanto todos eles optaram, até Pessoa, por apenas deixar essa frase no nosso plano de existência.
Frase essa que compreende toda a escrita possível, e de onde podem jorrar e jazer infinidades de inspirações...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O segredo dos demonios que vieram do espaço e da noite

Com a loucura nos olhos
e uma mente em alvoroço:
oiço um hino à lua.
Novamente cheia.
Cheia de luz, vida e saudade,
e som, e virtude e calamidade.
Será este resplandecer lunático
apenas o uivo da noite?
ou é este sibilante som
o silvar das criaturas vagabundas.
essas que se escondem nas próprias sombras
e que fazem do mundo o seu quintal
o seu segredo, a sua tela;
essas que arrastam o escuro manto com elas,
que traz a ténue luz extinta
de astros ancestrais de onde vieram
rastos de onde outrora estiveram.

Eles que primeiro precisaram da luz
essa luz que vem do sol e da lua e do som
essa luz que ecoa
esse som que reflecte
essa bestialidade que seiva das sombras
dessa besta maltrapilha que somos nós.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

"I know not what tomorrow will bring."*

Será que o destino que concede também arranca?
Será que está destinado a que os nossos caminhos se afastem?
Será que a duração da presença na vida de outro se mede pela intensidade? Quanto mais intenso, menos tempo?


* última frase de Pessoa